Sunday, April 29, 2007

Gira

A cara é redonda, os olhos de um castanho triste e a trança caída a meio das costas.
O nome não sei, só a vejo.
Acorda com o reflexo da Lua. Assiste ao primeiro raio de sol e ao vermelho do céu que anúncia o último. Adormece com os olhos divididos entre o emaranhado das luzes e a mesma Lua que a acordou.
Percorre uma ala, volta pela outra e repete a rotina no andar de cima. Habituou-se a andar mesmo quando a janela mostra a terra e o céu, cada um a sua vez, ritmadamente. Tudo baloiça, menos ela.
Vagueia.
As mesmas pessoas cruzam-se com ela: gente que tem que ir, gente que vê, gente que vai e vem, só por ir e vir. E ela assiste, quieta, no vai e vem entre uma margem e a outra, ao desfilar do mundo.
Do Tejo que a acolheu, olha a cidade derramada para fora das muralhas. Olha mas não vê, a cidade que sonhou...