As pernas suportam a muito custo o peso do corpo que lhe engordou. Está sentada, a mão pousada sobre o joelho: vício do corpo de alguém que se habituou a pedir, sabendo antecipadamente que na palma da sua mão apenas persistirá uma linha da vida longa demais para a curta e esbatida sorte também ali profetizada. Nos seus olhos uma lembrança do seu tempo, do tempo em que tinha entusiasmo no futuro. Acreditava. E as pessoas passam por ela, indiferentes. Tão indiferentes como o tempo que lhe foi enrugando a cara, sem nunca se importar com os seus sonhos.