O céu está azul. Reparo pelo contraste que faz com os tijolos do Campo Pequeno. A rasgar o céu, um rasto branco de avião. Tu voas. Não naquele rasto que me parece de quem chega, mas noutro. Que tu ainda agora vais. Preciso de comprar um livro para matar a tua falta. A luz cai limpa pela praça e as crianças brincam, e há gente que lê nos bancos ou que simplesmente se senta nos bancos. Trago comigo a música que tu cantas com voz de borboleta. O meu corpo responde à harmonia dos elementos: sinto os pêlos que se levantam e se espetam na roupa. Horas e dias vazios, queimados à espera de uma vida que valha a pena. Ri-me quando vi escrito numa parede que o caminho não é a felicidade: a felicidade é o caminho. Tenho a ambição de querer sempre o poder do universo personificado nos meus pêlos. A dicotomia do ou sempre ou nunca. E esta teimosia, faz-me reduzir a nada, os tudo fugazes.