Hoje andei pelas ruas como dantes. Quando o objectivo não era chegar, era transpor o tempo que nos separava. Eu a matar o tempo, e o tempo a matar-me a mim. Não tinha para onde ir, nem ninguém. Apenas eu e os meus passos na calçada, impelidos pelas leis da Física. E em mim a vontade de mais um dia terminado, o mundo cingido ao quarto que me pertencia, mas que nunca foi meu. Depois vinha o desânimo de mais um nascer do sol, a agonia de mais um dia.
Hoje, passados tantos anos, andei pelas ruas como dantes. E ao rodar a chave na fechadura, encontro o mesmo. Vazio.