Por estar vazia, a cavidade destinada aos sentimentos está a ser progressivamente ocupada pelos sistemas do meu corpo. Sinto-o nas minhas calças que me dançam nas pernas e me roçam no rabo. Estou a tornar-me um ser compacto, e por isso mirro. Em breve serei uma máquina, dependente apenas das leis da física.
Aqui as pessoas já não me reconhecem. Sorrio quando me cruzo com elas. Li que identificam os mortos pelos dentes. E pelos ossos. Mas esses, elas ainda não vêem. Ainda.